volta

acordei perplexo, com as idéias embaralhadas. a minha volta montanhas de concreto que um dia tanto medo me causaram. a medida que a câmera sobe, diminuo lentamente e comigo os meus problemas e os seus e os de todo mundo. a cidade se revela. o estado, o país. a vida fica leve. tudo começa a perder sentido e ganhar um outro significado.

num susto volto a mim. ando pelas ruas, ouço as pessoas, olho por cima dos muros, para dentro das janelas e para dentro de mim. já não sou mais eu. exploro as avenidas e as alamedas da cidade que não acaba e que corre atrás de mim de boca aberta. não tem pra onde fugir. engolido desço pelos metrôs, ando por ruas desconhecidas, aceito o cheiro pútrido das marginais, entro nos botecos iluminados nas esquinas. cansado, sob o sol escaldante, sirvo mais uma no copinho canelado, era disso que eu precisava. a vida fica leve, meu coração se acalma.

tem cookies no forno. puxe uma cadeira. vamos conversar.